segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Homenagem ao poeta

MANOEL DE BARROS

O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
 Do livro “Manoel de Barros — Poesia Completa Bandeira”, editora Leya. Por motivo de direitos autorais, apenas trecho do poema foi publicado.

 Manoel de Barros, um dos mais aclamados poetas contemporâneos brasileiros. Nascido em Cuiabá em 1916, Manoel de Barros estreou em 1937 com o livro “Poemas Concebidos sem Pecado”. Sua obra mais conhecida é o “Livro sobre Nada”, publicado em 1996.
Cronologicamente vinculado à Geração de 45, mas formalmente ao Modernismo brasileiro, Manoel de Barros criou um universo próprio — subvertendo a sintaxe e criando construções que não respeitam as normas da língua padrão —, marcado, sobretudo, por neologismos e sinestesias, sendo, inclusive, comparado a Guimarães Rosa.

Tudo transcrito acima foi copiado de uma publicação em BURLA REVISTA por Carlos Willian Leite em Poesia
Os 10 melhores Poemas de Manoel de Barros.
UM POUCO DE POEMA PARA TORNA A 
VIDA AINDA MAIS BONITA.

Até a semana que vem se Deus quiser.

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